Barberena de Moraes, suspeito de matar Adriana Moura de Pessoa Carvalho
de Moraes e Jade de Pessoa Carvalho de Moraes, respectivamente mulher e
filha dele, tinha uma amante. De acordo com a Polícia, a relação
extraconjugal apenas foi descoberta após a tomada de mais de 50
depoimentos durante as investigações do duplo homicídio. Conforme a
presidente do inquérito, Adriana morreu sem tomar conhecimento da
traição do marido.
A Polícia Civil do Estado do Ceará (PCCE), através da Divisão de
Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), entrega hoje à Justiça o
inquérito que investiga a morte de Adriana e Jade, assassinadas a tiros
em Paracuru, na noite de 22 de agosto.
Na tarde de ontem, mais seis pessoas foram ouvidas, incluindo o suspeito
do crime e a amante dele. Amigas do trabalho da mulher também prestaram
depoimento à Polícia. Socorro Portela destacou, no entanto, que o
depoimento da amante não muda o rumo das investigações.
Nesta terça-feira (1º), como conclusão dos trabalhos, peritos também
deverão se reunir com a presidente do inquérito e diretora da DHPP,
delegada Socorro Portela, para dirimir dúvidas que ainda restaram aos
investigadores. O inquérito, então, seguirá para o Poder Judiciário.
Traição
De
acordo com a delegada Socorro Portela, Marcelo conheceu a mulher que
viria a tornar-se amante no trabalho, em setembro do ano passado. "Eles
eram colegas na empresa. A relação teve início em fevereiro e seguiu até
o dia do crime", afirmou.
A reportagem apurou que na véspera do crime, Marcelo teve um encontro
com a amante. No dia em que o duplo homicídio foi cometido, o casal
trocou mensagens. Entretanto, para a Polícia, a mulher não é considerada
suspeita do crime. Segundo Socorro Portela, a família da amante era
contra o relacionamento dela com Marcelo. Conforme o advogado que
representa a família de Adriana e Jade, Leandro Duarte Vasques, a amante
também não sabia que Marcelo ainda estava casado com Adriana.
"O cinismo do agressor é tamanho que ele ainda chegou a iludir a jovem,
que trabalhava com ele, também construindo uma versão mentirosa para
ela, de que ele estaria separado de fato da então esposa Adriana.
Inclusive, prometendo a essa jovem que eles iriam morar em Porto
Alegre", afirmou Vasques. Para o advogado, Marcelo "é um contador de
histórias, um fabricante de versões pinoquianas".
Laudos
Na tarde de ontem, a Polícia apresentou o resultado dos laudos
cadavéricos das duas vítimas, da perícia complementar realizada na casa
de veraneio e de comparação balística.
De acordo com o perito Charlton Bezerra, os resultados comprovam que a
arma encontrada na cena do crime, um revólver de calibre 38, foi de fato
o instrumento usado no duplo homicídio. O equipamento estava escondido
em um bebê-conforto, também localizado na casa de veraneio de Paracuru.
Também de acordo com os laudos apresentados, as duas vítimas foram
mortas dormindo. Primeiro, Adriana foi executada. Jade na sequência.
Por fim, o laudo da perícia complementar expõe que "seria humanamente
impossível" que todas as pessoas que estavam na casa não ouvissem os
disparos efetuados pelo assassino. No momento do crime, estavam no
imóvel, além das vítimas e Marcelo, o irmão e a cunhada do suspeito e
três crianças, sendo uma a filha mais velha de Marcelo Barberena e
Adriana e as outras duas, filhas do outro casal.
"Segundo Marcelo, o bebê e as outras crianças estavam dormindo e não
ouviram os disparos", relatou Socorro Portela. Apesar das revelações, a
delegada que preside o inquérito afirmou que "não será necessário" ouvir
as crianças. Quanto ao outro casal, Socorro Portela ressaltou que eles
não cometeram crime ao mentir em depoimento.
Também nos laudos ficou definido que a casa não foi arrombada,
contrariando os primeiros depoimentos dados por Marcelo, o irmão e a
cunhada.
Ainda são aguardados dois outros laudos, de DNA da arma, para determinar
quem a manipulou, e o residuográfico das testemunhas, que deverão ser
entregues até o fim desta semana, de acordo com o perito Charlton, pois
"dependem de mais tempo de laboratório".
Dentro dos próximos 20 dias também deverá ser realizada uma reconstituição do crime, na casa de veraneio em Paracuru.
A arma foi herança de familiares e ele costumava portar. O material
encontrado na casa dele, no bairro Cocó, eram instrumentos de
colecionador e nem todas eram armas verdadeiras.
O crime
Marcelo
foi com a esposa e filhas e a família do irmão comemorar aniversário
dele na casa de veraneio pertencente aos pais de Adriana, em 22 de
agosto. Após as comemorações, houve a discussão entre o suspeito e a
vítima. Naquela noite, ele teria pegue o revólver e atirado na cabeça da
mulher e nas costas do bebê, que dormia em um berço.
Somente na manhã de domingo, 23 de agosto, a Polícia foi acionada.
Marcelo, o irmão e a cunhada diziam que a casa havia sido arrombada por
assaltantes, que mataram as vítimas.
Entretanto, após os primeiros depoimentos, a delegada deu voz de prisão
em flagrante a Marcelo pelas mortes das vítimas. Após uma perícia
complementar, ao local, ele confessou ter atirado e matado mulher e
filha.
Na casa dele, no bairro Cocó, foram encontradas nove armas que, conforme
a Polícia, são herança familiar de Marcelo, assim como o revólver usado
no crime.
Diário do Nordeste
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