A Justiça do Distrito Federal quebrou o sigilo bancário, fiscal e
telefônico, além de bloquear os bens do bicheiro Carlos Augusto Ramos, o
Carlinhos Cachoeira, do ex-diretor da Construtora Delta Claudio Abreu e
de outras seis pessoas denunciadas por formação de quadrilha e tráfico
de influência por corrupção, tráfico de influência e fraudes em processo
para contratar o serviço de bilhetagem eletrônica dos ônibus no DF. O
sigilo bancário, fiscal e telefônico de Cachoeira já havia sido quebrado
pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a relação do
bicheiro com políticos e contratos públicos.
A decisão ocorreu depois de pedido do Ministério Público do Distrito
Federal e Territórios. Conforme a peça de acusação, Cachoeira e os dois
ex-diretores comandaram operação para direcionar o contrato, que
renderia R$ 60 milhões por mês, à empreiteira. Coube a Abreu pagar
Valdir dos Reis, lobista encarregado de azeitar o negócio na Secretaria
de Transportes. Sob as orientações de Puccini, a própria quadrilha
elaborou projeto básico e edital para a licitação.
Ex-assessor da Secretaria de Planejamento do Distrito Federal, Reis
foi cooptado pela quadrilha para cuidar de seus interesses no governo
Agnelo Queiroz (PT). Mesmo exonerado do cargo em 31 de dezembro de 2010,
ele tinha crachá em 2011 e, segundo a denúncia, circulava livremente no
Palácio do Buriti, que abriga a Secretaria de Transportes.
Em uma das escutas, Cachoeira ordena que Geovani Pereira da Silva,
apontado como seu contador, pague R$ 50 mil a Reis. O diálogo indica que
o dinheiro provinha da conta de Abreu. O valor foi depositado na conta
do ex-servidor pela Adécio e Rafael Construções e Incorporações, uma das
empresas do esquema, que, segundo o MP, existiria apenas de fachada
para lavagem e pagamento de recursos. Onze dias depois, Reis conseguiu
reunião do secretário de Transportes do DF, José Walter Vasquez, com
"membros da organização criminosa".
Embora não registrasse nenhuma experiência na área, a Delta tinha
interesse em comprar software para operar a bilhetagem. A partir do
encontro, diz a denúncia, a quadrilha de Cachoeira começou a elaborar o
projeto básico e o edital de licitação, direcionados à Delta.
Abreu foi preso durante a Operação Saint Michel, na semana passada,
por envolvimento nas fraudes. A denúncia cita suposta negociação,
revelada pelo Estado, entre a quadrilha e o servidor do DFTrans (empresa
que gerencia o transporte no DF) Milton Martins Júnior, que está
afastado do cargo.
DN

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