Adversário do Palácio do Planalto e um dos principais articuladores do
grupo que trabalha pela destituição da presidente Dilma Rousseff, o
presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse nesta quinta-feira
(7) que só anunciará as regras detalhadas da votação final do
impeachment no próprio dia.
"Vou interpretar o regimento na hora", afirmou o peemedebista, em entrevista coletiva.
Um dos pontos obscuros diz respeito à ordem de chamada dos deputados
para declarar o voto no microfone do plenário. Cunha e aliados querem
fazer a chamada por Estados e deixar para o final a região Nordeste, em
tese mais favorável à Dilma. O objetivo é criar uma onda pró-impeachment
durante a votação.
Em 1992, no impeachment de Fernando Collor de Mello, o então presidente
da Casa, Ibsen Pinheiro, fez a chamada por ordem alfabética justamente
com o argumento de que a chamada por Estado poderia levar a
direcionamento do resultado.
"Não tem previsão regimental para isso, foi uma decisão política adotada
pelo presidente na época. Com certeza absoluta não vou seguir esse
critério. Não entendo que qualquer ordem beneficie quem quer que seja",
disse Cunha.
Outro ponto diz respeito à chamada oral de eventuais faltosos. O governo
manobra para esvaziar o plenário no dia da votação, já que a ausência é
benéfica a Dilma. É preciso pelo menos 342 dos 513 votos para que o
Senado seja autorizado a abrir o processo de impeachment.
Ciente disso, Cunha pretende fazer sucessivas chamadas no microfone dos
faltosos. Nesta quinta, ele disse que com certeza fará uma segunda
chamada e, talvez, uma terceira.
O presidente da Câmara confirmou ainda que irá abrir mão da neutralidade
assegurada ao presidente da Casa e que irá votar no dia da análise
final do pedido. "Eu votarei, é um direito meu votar, o Ibsen votou em
1992."
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