sexta-feira, 18 de março de 2016

Guerra em três frentes




Com nomeação de Lula rejeitada nas ruas e no Judiciário, governo se prepara para terceiro campo de batalha, após a Câmara confirmar ontem a comissão que analisará o impeachment


Em dia marcado por reviravoltas, o governo Dilma Rousseff (PT) tenta defender-se em três frentes que podem ser decisivas para a sua sobrevivência. Com a nomeação do ex-presidente Lula para ministro da Casa Civil alvo de protestos nas ruas e de uma liminar na Justiça, o Planalto joga a sua sorte num terceiro campo de batalha: garantir maioria para impedir o avanço do processo de impeachment, cuja comissão foi eleita ontem, na Câmara dos Deputados, sob comando do arquirrival Eduardo Cunha (PMDB/RJ).

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Criada em sessão tumultuada com 433 votos a favor - apenas José Airton (PT-CE) votou contra -, o grupo de 65 deputados foi instalado no mesmo dia e terá 15 sessões para julgar o processo.

Paralelamente, a Advocacia Geral da União pediu ainda ontem a suspensão de mais de 20 com o mesmo objetivo, suspender a posse
de Lula. O governo aguarda decisão do ministro do STF Gilmar Mendes.


Em ato classificado por assessores como declaração de guerra, Dilma usou a cerimônia de posse do ex-presidente para acusar o juiz Sérgio Moro de ter desrespeitado a Constituição e ressaltar que a utilização de “métodos escusos” e “práticas criticáveis” podem levar a um golpe no País. Os golpes começam assim”, disse Dilma.

Os investigadores da Lava Jato interpretaram o diálogo como uma tentativa de Dilma de evitar uma eventual prisão de Lula.


“Convulsionar a sociedade brasileira em cima de inverdades, métodos escusos e práticas criticáveis viola princípios e garantias constitucionais e os direitos dos cidadãos. E abrem precedentes gravíssimos.

Os golpes começam assim”, disse Dilma.


Marcando mudança de postura do Planalto, acuado após repercussão do teor dos áudios, Dilma atacou: “Os golpes começam assim”, disse durante posse de Lula, antes de expressar “repúdio total e integral” pelas gravações.

Em meio às polêmicas, protestos espontâneos foram registrados em várias cidades do País. Em São Paulo, trechos da Avenida Paulista permaneceram fechados por todo o dia de ontem. Em Brasília, manifestações chegaram a ter conflitos com a Polícia após pessoas se aproximarem do Palácio do Planalto com motocicletas.


Também ontem, a Ordem dos Advogados do Brasil no Ceará (OAB-CE) decidiu apoiar o pedido de impeachment da presidente. O documento será submetido agora ao Conselho Federal da entidade.



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