Francisco defendeu punição a quem ‘agiu mal’ na Igreja e relatou que cardeais discutiram problemas
O
programa “Fantástico”, da Rede Globo, exibiu ontem, entrevista
exclusiva do papa Francisco, a primeira desde que foi escolhido para o
cargo. “Penso que temos que dar testemunho de uma certa simplicidade –
eu diria, inclusive, de pobreza. O povo sente seu coração magoado quando
nós, as pessoas consagradas, são apegadas a dinheiro”, afirmou o
pontífice ao jornalista Gérson Camarotti, da GloboNews.
Papa
Francisco concedeu entrevista exclusiva ao jornalista Gérson Camarotti,
da GloboNews, a primeira desde que assumiu o cargo FOTO: REUTERS
O
papa também tratou de temas delicados, como os escândalos no Vaticano.
“Agora mesmo, temos um escândalo de transferência de US$ 10 ou 20
milhões de monsenhor. Belo favor faz esse senhor à Igreja, não é? Mas é
preciso reconhecer que ele agiu mal, e a Igreja tem que dar a ele a
punição que merece”, defendeu Francisco.
Ele relatou, ainda, que,
antes do último conclave, houve congregações gerais, que são reuniões
entre os cardeais. Na ocasião, acrescentou o pontífice, os religiosos
conversaram sobre todos os problemas enfrentados pela Igreja. “Mas
também havia os santos. Esses homens que deram sua vida para trabalhar
pela Igreja de maneira silenciosa no Conselho Apostólico”, destacou.
O
papa admitiu que não tem como explicar o fenômeno da perda de fiéis
católicos. “Vou levantar uma hipótese. Para mim, é fundamental a
proximidade da Igreja. Porque a Igreja é mãe, e nem você nem eu
conhecemos uma mãe por correspondência. A mãe dá carinho, toca, beija,
ama. Quando a Igreja, ocupada com mil coisas, se descuida dessa
proximidade, se descuida disso e só se comunica com documentos, é como
uma mãe que se comunica com seu filho por carta. Não sei se foi isso o
que aconteceu no Brasil. Não sei, mas sei que, em alguns lugares da
Argentina que conheço, isso aconteceu”, teorizou.
Segurança
Sobre
sua proximidade com a população, aparentemente se descuidando da
segurança, Francisco declarou que não sente medo. “Ninguém morre de
véspera. Quando acontecer, o que Deus permitir, será. Eu não poderia vir
ver este povo, que tem um coração tão grande, detrás de uma caixa de
vidro. As duas seguranças (do Vaticano e do Brasil) trabalharam muito
bem. Mas ambas sabem que sou um indisciplinado nesse aspecto”.
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