quinta-feira, 14 de junho de 2012

Declarações da prefeita: PT se nega a fazer oposição a C



A prefeita Luizianne Lins, presidente estadual do PT, em entrevista à TV Diário em março, disse que o seu partido faria oposição ao Governo Cid Gomes (PSB) caso houvesse rompimento da aliança para a sucessão em Fortaleza. A declaração da prefeita foi manchete do Diário do Nordeste, na oportunidade, gerando desconforto para o governador e seus aliados.

Agora que o rompimento foi confirmado, com o PSB não aceitando a indicação do petista Elmano Freitas, para ser o candidato a prefeito, deputados do PT contestam o discurso da prefeita e afirmam que a legenda precisa trabalhar para manter a parceria com o governador em âmbito estadual, aconteça o que acontecer em Fortaleza.

"A prefeita não decide nada só. Existe um partido para discutir. Se ela deu essa declaração, é um equívoco dela. Não podemos olhar só para Fortaleza", disse ontem Camilo Santana, um dos deputados do PT que formavam no secretariado de Cid Gomes. "Mesmo que saiam duas candidaturas no primeiro turno (uma do PT e outra do PSB), podemos ter aliança no segundo turno", acrescenta Nelson Martins, outro deputado petista que estava como secretário do Governo estadual. Os dois ex-secretários destacam que PT e PSB têm alianças formadas e a caminho da formalização em diversos municípios cearenses, como Sobral e Juazeiro do Norte, além de integrarem a coligação que detém o poder estadual e federal.

Parceiros
"Caso aqui em Fortaleza especificamente não seja possível uma aliança no primeiro turno, vamos continuar sendo parceiros em outros municípios e aliados em nível estadual, e vamos verificar como se dará o segundo turno. Temos que deixar as portas abertas para pensar no futuro", salienta Camilo. Nelson segue a linha: "Não podemos resumir a aliança à questão específica de Fortaleza. Mesmo que não estejamos juntos no primeiro turno, temos que manter uma boa relação entre PT e PSB. Podemos ter aliança no segundo. Tudo pode acontecer. Temos que preservar a aliança em nível estadual e federal".

Segundo Nelson, o ex-presidente Lula poderá conversar com o governador Cid Gomes e a prefeita Luizianne Lins até o fim deste mês, o que dá ao deputado a esperança da possibilidade de um acordo ainda no primeiro turno. "Independentemente disso, a aliança estadual e nacional deve ser mantida pelo bem do Ceará. Muitos investimentos estruturantes dependem do apoio do Governo Federal".

O ex-secretário afirma que a migração da base para a oposição ao Governo estadual não foi discutida em nenhum momento dentro do PT. "Eu não vejo razão para isso. Não é o fim do mundo o PT ter candidato e o PSB ter também. O PC do B e o PDT, partidos da aliança, não vão ter? É uma coisa natural. Não vejo razão para fazer disso um motivo de rompimento".

O deputado Dedé Teixeira é outro a garantir que o PT nunca considerou a hipótese de fazer oposição ao Governo Cid Gomes. "Não há essa discussão no partido. Eu digo, como militante petista, que não há esse clima, pelo contrário. Várias alianças estão em curso no Estado com o PSB e o PMDB. Fortaleza terá segundo turno, e aí será o segundo tempo de toda essa discussão". Se o candidato do partido do governador passar para o segundo turno, conforme Dedé, o PT "com certeza" o apoiaria.

O grupo político do deputado Professor Pinheiro tinha reunião marcada para ontem à tarde para discutir o ultimato de Cid ao PT e soltar uma nota a respeito. Ele, que até semana passada era secretário de Cultura do Estado, não quis se pronunciar antes do encontro. Rachel Marques, que completa a bancada petista na Assembleia, espera a decisão da cúpula estadual. "O governador nos deixou num impasse. Para nós não é conveniente o rompimento da aliança. Isso aí será discutido pelas instâncias do partido", disse ela, evitando opinar.

Sucessão municipal Landim fala sobre o rompimento
O anúncio de que o PSB não irá apoiar o candidato petista à Prefeitura de Fortaleza não havia sido comentado na tribuna da Assembleia Legislativa até ontem, quando o deputado Welington Landim (PSB), líder do bloco PT-PSB na Casa, resolveu tocar no assunto e colocar o posicionamento da sua legenda. O parlamentar elogiou o posicionamento do governador Cid Gomes e criticou a postura da prefeita Luizianne Lins (PT) e do ex-líder do governo, Antônio Carlos (PT).

Para Landim, Luizianne Lins está se colocando como vítima, assegurando não haver a intenção de ninguém ser algoz de quem quer que seja. O parlamentar fez questão de dizer que Cid Gomes sempre foi coerente na discussão da manutenção da aliança para esta eleição em Fortaleza e que sempre quis continuar aliado ao PT.

O líder do bloco fez questão de ressaltar que o PSB não vetou o nome de ninguém, embora muitos representantes do partido tenham dito que não aceitavam o nome de Elmano de Freitas como candidato. "Coloco aqui para que não paire nenhuma dúvida: não vetamos nome de A ou B, não vetamos o nome de ninguém. Queremos um projeto novo, uma renovação, uma possibilidade de modelo diferente para a principal cidade do Ceará", destacou o deputado.

Para Landim, quem falar em veto está querendo se colocar como vítima. "Não aceitamos vítima. Passou o tempo de chorar. O povo precisa de um programa sério para que se tenha um rumo e metas definidas", afirmou.

Segundo Landim, apesar das tentativas do governador de demonstrar que gostaria de permanecer unido com o PT nesta eleição, os petistas não discutiram com os aliados o nome do candidato. "Foi uma decisão praticamente do grupo ligado à prefeita. Tanto é verdade que o Pinheiro foi derrotado na proposta que queria levar para frente a discussão de exaurir todas as possibilidades de entendimento", disse.

Suficiente
Uma dos indícios de que Cid Gomes queria o PT como aliado, conforme analisou, foi nomear para três das mais importantes secretarias do Estado, os petistas Francisco Pinheiro, Camilo Santana e Nelson Martins. Outra demonstração de que o governador apostava nessa aliança, segundo o deputado, foi ter nomeado, para líder do governo na Assembleia, um parlamentar suplente dos mais ligados à prefeita Luizianne. Ele disse ainda que seu partido tem quadros suficientes para apresentar candidato.

Landim disse que não esperava a atitude de Antônio Carlos de se demitir da função de secretário da Cultura através de uma mensagem por celular, considerando ser essa uma atitude imatura. "Coisa de imaturidade política", opinou.

Nenhum parlamentar, nem do PT nem do PSB, comentaram o pronunciamento de Welington Landim. Ontem, os quatro secretários exonerados (Ivo Gomes, Francisco Pinheiro, Nelson Martins e Camilo Santana) participaram da sessão, mas não trataram desse assunto no plenário.

Vereadores devem rebater críticas
A bancada do PT na Câmara Municipal de Fortaleza não irá "se calar" diante de ataques do PSB ao modelo de gestão da prefeita Luizianne. Segundo vereadores petistas, a legenda não pretende adotar uma postura de oposição ao Governo do Estado, mas assumirá uma atitude "firme" diante de novas investidas contra a gestão do PT em Fortaleza.

Na última reunião do PSB, que oficializou o interesse do partido em ter candidatura própria na Capital, o governador Cid Gomes criticou o modelo de administração petista em Fortaleza, que classificou como "exaurido". Essa posição, corroborada pelos vereadores socialistas presentes no encontro, descontentou lideranças do PT.

Clareza
"Se isso é posicionamento do PSB como um todo, eu não sei. Mas nós do PT temos clareza de que a direção política da prefeita está correta. É claro que em uma renovação nós vamos aperfeiçoar e corrigir erros dos programa, mas a direção política central de focar investimento nos mais pobres e reduzir desigualdades, nós achamos corretíssima", avalia o líder do PT na Casa, Guilherme Sampaio.

Ele evita comentar a questão da candidatura própria do PSB, argumentando que ainda não há definição final sobre o assunto, mas garante que o PT não "levará desaforo para casa" dos socialistas durante a campanha eleitoral. Já o vereador Ronivaldo Maia (PT), líder do Governo, diz que o PT respeita a definição do PSB e espera que seja respeitada a decisão sobre a candidatura de Elmano de Freitas.

Sobre a declaração de Luizianne de que o PT faria oposição à Cid em caso de rompimento, vereadores petistas avaliam que essa seria uma opinião pessoal de Luizianne, não existindo nenhuma orientação partidária neste sentido. "A definição que existe é apenas a da tática eleitoral interna do partido. A relação com o governo Cid é uma discussão para depois das eleições", declara o presidente da Câmara Municipal, Acrísio Sena (PT).

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