sábado, 28 de abril de 2012

Fecundidade Ceará apresenta a maior redução de filhos por casal do Brasil


Para gerente de Projetos e Supervisão do IBGE no Estado, taxa pode comprometer a reposição populacional A redução do número de filhos por casal é visível em todo o Brasil. E, segundo dados divulgados, ontem, pelo Censo Demográfico 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o Ceará foi o Estado que apresentou a maior queda de fecundidade nos últimos dez anos, passando de 2,84 filhos por casal no ano 2000 para dois filhos em 2010, uma queda de 29,7%. Em segundo lugar, está Alagoas, com diminuição de 20,2% e, em terceiro lugar, o Tocantins. Ainda de acordo com o IBGE, a redução do número de filhos no Estado acompanha a realidade registrada no Nordeste, região que também apresentou a maior queda de fecundidade, com uma redução de 23%: enquanto no ano de 2000 a média por casal era de 2,69 filhos, em 2010, era de 2,06. Apesar disso, os casais nordestinos ainda continuam sendo os que mais têm filhos do Brasil. Segundo o gerente de Projetos e Supervisão do IBGE Ceará, Paulo Cordeiro, a taxa de dois filhos por casal no Estado já pode ser considerada preocupante. Conforme ele, para que haja uma taxa de reposição populacional coerente, ou seja, a quantidade de pessoas que morrem sendo substituída pelas que nascem, o ideal para o IBGE é que cada casal tenha, no mínimo, 2,1 filhos. Diante dessa situação, Cordeiro considera possível dizer que a população cearense deve estagnar. "As perdas serão maiores que os ganhos. O que vai acarretar é que a população deve diminuir", avalia. Para ele, o ideal, é que haja um equilíbrio populacional. Do contrário, com o passar dos anos, o Ceará pode sofrer sérios impactos negativos na economia, com pouca mão de obra e uma população formada por um maior número de idosos. "Acho que o nascimento gera crescimento. Sem novas crianças, diversos setores da economia podem ter decréscimo", analisa. Fatores A socióloga e professora do Núcleo de Estudos e pesquisas sobre Gênero, Idade e Família da Universidade Federal do Ceará (UFC), Celecina Vera Sales, destaca que a queda de fecundidade no Ceará apenas acompanha o cenário brasileiro e mundial. Para ela, vários fatores contribuem para que isso aconteça, como, por exemplo, a mulher no mercado de trabalho assumindo, a cada dia, os cargos de chefia em grandes empresas, o trânsito, estresse, altos custos educacionais entre outros aspectos. Porém, de acordo com ela, um dos maiores agravantes na redução de números de filhos por casal é a não divisão das tarefas domésticas. Celecina explica que a mulher cearense e brasileira, apesar de estar tão atuante no mercado de trabalho tanto quanto os homens, continuam administrando a casa, levando os filhos para escola, participando de reuniões de pais e levando as crianças para o hospital. Além disso, ela destaca que a falta de estabilidade no trabalho também se torna um empecilho para se ter filhos. A socióloga diz ainda que as mulheres de classes menos favorecidas também assumiram o papel de sustentar o lar. Assim, estão tomando mais cuidado para não engravidar, pois sabem como é difícil educar uma criança. DN

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