quinta-feira, 19 de abril de 2012

CPI do Cachoeira instalada hoje


A Comissão investigará as informações da Polícia Federal, por meio das operações Vegas e Monte Carlo

Brasília A vice-presidente do Congresso, Rose de Freitas (PMDB-ES), já acertou com líderes dos partidos que a CPI do Cachoeira será criada hoje, às 10h30. O requerimento que pede a instalação da CPI será lido no plenário, em sessão do Congresso, o que significa que a comissão poderá começar a funcionar. O primeiro passo é a indicação dos membros pelos líderes de partidos, o que não deve demorar porque esses acordos já estão sendo costurados.

A expectativa é que a composição da CPI esteja completa na semana que vem. Ontem, o pedido de criação da CPI foi protocolado na Mesa do Congresso com as assinaturas de 67 senadores e 340 deputados. Número mais do que suficiente para garantir a instalação. São necessários 171 na Câmara e 27 no Senado.

A CPI vai investigar as informações obtidas pela Polícia Federal, por meio das operações Vegas e Monte Carlo sobre jogos de azar, que indicam o envolvimento de agentes públicos e privados com o empresário de jogos ilegais Carlinhos Cachoeira.

Suspeitas

Há suspeitas de que políticos e empresários receberam dinheiro do contraventor para promover tráfico de influência a fim de, entre outras ações, aprovar propostas, no Congresso, que beneficiasse o setor.

A bancada do PSDB na Câmara definiu e que indicará os deputados Carlos Sampaio (SP) e Fernando Franceschini (PR) para compor a CPI do Cachoeira, mas ainda acerta os detalhes para indicar os dois suplentes. Franceschini foi alvo de grampo feito pelo grupo de Cachoeira. Os tucanos afirmam que o deputado foi "vítima" do contraventor.

Já a bancada do PMDB fechou a indicação dos deputados Luiz Pitman (DF) e Íris de Araújo (GO) para a CPI. Os dois tiveram relações estremecidas com os governadores do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT), e de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), ambos sob risco de investigação pela Comissão. Já o DEM e o PSDB vão ceder duas vagas da oposição na CPI do caso Cachoeira para os senadores Jarbas Vasconcellos (PMDB-PE) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Como Jarbas é dissidente do PMDB e não seria indicado pelo partido, e o PSOL não tem número suficiente de parlamentares para ocupar uma cadeira da CPI, os oposicionistas decidiram indicá-los como suplentes.

Transferência

O empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, preso desde o dia 29 de fevereiro, já está no Complexo Penitenciário da Papuda, em Brasília, onde dividirá cela com mais 22 presos.

Ele foi transferido da penitenciária de segurança máxima de Mossoró (RN) ontem. Ele pegou um voo comercial com escala em Fortaleza. No presídio de Mossoró, Cachoeira ficava 22 horas trancado em uma cela sem ver ninguém. De acordo com familiares, ele emagreceu 16 kg. O Ministério Público Federal recorreu contra a transferência.

Demóstenes evita falar de suspeitas

Brasília Pela primeira vez desde o início das denúncias que o ligam ao empresário Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o senador Demóstenes Torres (sem partido-GO) participou ontem de parte da sessão do plenário do Senado.

Abatido, o senador cumprimentou colegas, circulou pelos corredores e reiterou que só vai se manifestar sobre as denúncias no Conselho de Ética - que abriu processo para investigar se ele quebrou o decoro parlamentar e deve perder o mandato.

"Vou falar primeiro no conselho, depois eu falo com vocês", disse a jornalistas. Demóstenes afirmou que foi "bem tratado" pelos senadores com quem conversou e decidiu retomar sua rotina no Senado.

"A recepção foi boa, estou retomando os trabalhos". Mais magro, o senador passou cerca de vinte minutos no plenário do Senado. Sempre acompanhado de assessores, retornou ao seu gabinete depois de circular pelos corredores.

O senador também tem telefonado para colegas em busca de apoio. Nas conversas, confirma que vai apresentar sua defesa ao Conselho de Ética na semana que vem. E afirma que vai provar a sua inocência com a disposição de adotar uma nova postura a partir de agora - de enfrentar as denúncias e os senadores.

Demóstenes procurou, inclusive, dois senadores que têm feito cobranças públicas ao colega: Pedro Taques (PDT-MT) e Randolfe Rodrigues (PSOL-AP).

Hoje, o Conselho de Ética se reúne para discutir o plano de trabalhos no processo que investiga o parlamentar. O relator, senador Humberto Costa (PT-PE), disse que o colegiado vai aprovar requerimento com novo pedido para o STF encaminhar à Casa a íntegra do inquérito da Operação Monte Carlo.

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