sábado, 21 de abril de 2012
Barbosa x Peluso Ministros trocam críticas no STF
Em resposta a declarações do ex-presidente Peluso, Barbosa acusou o colega de manipular a Corte
Brasília. Relator do processo do mensalão no Supremo Tribunal Federal (STF) e futuro presidente da corte, o ministro Joaquim Barbosa chamou seu colega de tribunal Cezar Peluso de "ridículo", "brega", "caipira", "corporativista", "desleal", "tirano" e "pequeno" em entrevista ontem no jornal "O Globo".
Barbosa é desafeto de Peluso e também de Gilmar Mendes, ex-presidentes do STF. Nesta semana, com a posse de Carlos Ayres Britto na presidência do tribunal no lugar de Peluso, a crise entre os ministros foi escancarada. As declarações de Barbosa foram para rebater uma entrevista que Peluso concedeu ao site "Consultor Jurídico", em que ele fala sobre os problemas de saúde de Joaquim Barbosa (que trata uma doença crônica na coluna, que o obrigou a tirar licença médica), além de considerá-lo "inseguro" e uma pessoa de "temperamento difícil".
Ao chamar a gestão de Peluso de "desastrosa", Barbosa ressaltou ainda que ele "incendiou o Judiciário inteiro com a sua obsessão corporativista". "As pessoas guardarão a imagem de um presidente do STF conservador, imperial, tirânico, que não hesitava em violar as normas quando se tratava de impor à força a sua vontade", afirmou.
"Peluso inúmeras vezes manipulou ou tentou manipular resultados de julgamentos, criando falsas questões processuais ou simplesmente para tumultuar e não proclamar o resultado que era contrário ao seu pensamento", disse Joaquim Barbosa.
O ministro também disse que Peluso tratou seu problema de saúde de forma desrespeitosa. Ele também comentou o fato de ser o único ministro negro do tribunal: "Alguns brasileiros não negros se acham no direito de tomar certas liberdades com negros. Você já percebeu que eu não permito isso, né?".
O presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Carlos Ayres Britto, rebateu ontem as acusações feitas pelo ministro Barbosa de que o ex-presidente da Corte Cezar Peluso manipularia resultados de julgamentos e que colegas o tratassem com preconceito por ser negro.
"Eu nunca vi e nunca verei um presidente alterar o conteúdo de uma decisão", afirmou o presidente em resposta à entrevista. "Eu nunca vi isso aqui. Somos contra o racismo por dever, porque o racismo é proibido pela Constituição e é criminalizado", afirmou Ayres Brito.
O ministro Marco Aurélio Mello disse que ficou "perplexo" com o caso: "A autofagia entre ministros é muito ruim para a instituição". A discussão entre Barbosa e Peluso pode ter novo desdobramento na quarta-feira. Ministros discutiram ontem sobre uma reação em plenário contra as acusações de Barbosa.
Desculpas
As declarações de Barbosa foram uma resposta a uma entrevista anterior de Peluso. A entrevista, concedida em março, foi publicada nesta semana. O ministro reconheceu, depois de publicadas suas declarações, ter cometido um erro ao ter falado do colega. Na quinta-feira, Peluso encontrou-se com Barbosa e pediu desculpas na frente de colegas. Barbosa o cumprimentou, mas já havia informado que daria a entrevista para reagir duramente às declarações do colega.
DN
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