domingo, 29 de janeiro de 2012

Ensino tecnológico amplia oportunidades no Interior




Através do IFCE e dos CVTs, milhares de estudantes cearenses têm se transformado em mão de obra qualificada

Limoeiro do Norte Inventaram máquinas para substituir o homem em muitas atividades práticas, mas não se substitui o homem a quem cabe o conhecimento sobre as máquinas. Como uma reinvenção do eixo da roda, o Brasil está seguindo os passos de um projeto que é pioneirismo cearense: a difusão do ensino tecnológico. Escolas básicas e avançadas de educação tecnológica estão invadindo Municípios de sertão, serra e litoral.

As ferramentas difusoras têm sido os diversos campi do Instituto Federal e os Centros Vocacionais Tecnológicos (CVTs). Os próprios mercados globais têm absorvido a mão-de-obra qualificada. A reportagem acompanhou a expansão, por um lado, e a precarização, por outro, no processo de democratização do ensino tecnológico.

É uma espécie de conhecimento tecnológico da vida prática em função do bem estar, o que inclui conhecimento, emprego e renda. Filhos de agricultores fazendo curso técnico, ou mesmo superior, em Agronomia e praticando o conhecimento nas grandes empresas agrícolas dos perímetros irrigados na própria região em que nasceram.

Estudante levando para outros países o conhecimento tecnológico apreendido a poucos quilômetros de casa, analfabetos funcionais aprendendo a usar computador e, com noções de ciência, melhorando o próprio empreendimento, quer seja uma oficina mecânica, quer seja uma fazenda de criação bovina.

Descobertas

Era pouco concebível que o nim, planta trazida da Índia 20 anos atrás e já bastante comum no sertão cearense, tivesse uma função maior do que de um defensivo natural de pragas - já uma evolução na prática do conhecimento tecnológico. Agora, sabe-se que a planta remove metais pesados deixados por indústrias (cobre, manganês, zinco, ferro etc). A descoberta da estudante Jéssica Roberta, do curso de Saneamento Ambiental do Instituto Federal do Ceará (IFCE) de Limoeiro já está em processo de patente e tem reconhecimento internacional.

Por sua vez, a estudante Marta Rochelle começou com o processamento de 30 litros de leite em queijo coalho na faculdade e, hoje, é uma grande empresária do ramo de laticínios no Vale do Jaguaribe. A região é conhecida até mesmo fora do País pela qualidade do queijo - alimento tão bem produzido pela queijaria "Lá de Casa", de Rochelle, que já ganhou prêmios de excelência. Os exemplos de casos do gênero são vários e servem de referência e estímulo para jovens do Interior em busca de emprego. Eles estão apostando na capacitação tecnológica.

Criação

Tudo começou em 2000, quando o então secretário da Ciência e Tecnologia, Ariosto Holanda, criou o Instituto Centro de Ensino Tecnológico (Centec), tendo como engrenagem a implantação de Centros Vocacionais Tecnológios no Interior.

Unidades de ensino tecnológico básico, com laboratórios nas áreas de ciências exatas (Física, Química e Matemática), atendendo a pessoas de várias idades e geralmente alheias às tecnologias. O projeto foi passado para o Ministério da Ciência e Tecnologia, que já implantou mais de 300 Centros Vocacionais Tecnológicos pelo País.

IFCE

Mas é pela Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica que se encontrou a, digamos, menina-robô dos olhos. Escolas de nível médio, técnico e superior em cursos como mecatrônica, nutrição, agronegócio e saneamento ambiental. São 23 campi do Instituto Federal do Ceará (Ifce) espalhados em 45 Municípios de todas as macrorregiões do Estado, contemplando 14 mil alunos.

Ao final do Governo Lula, em 2010, havia 354 campi do Instituto Federal de Educação. A promessa do Governo Dilma é implantar mais 208 unidades até 2014. Isso deve aumentar a oferta para aproximadamente 600 mil matrículas.

A educação tecnológica foi colocada, há mais de uma década, num pedestal de "prioridades" pelo Governo Federal - o que consiste em investimento financeiro dobrado para o setor.

Quando começou a pobreza? A teoria política do século 19 tenta explicar que foi quando uns detiveram o "poder das ferramentas de produção", em detrimento da maioria. Hoje, tem-se defendido principalmente que a desigualdade social regional pode diminuir quanto mais pessoas detiverem o conhecimento - no caso, tecnológico!

DN ONLINE

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