Ainda no rol de ações estão a recuperação e novas perfurações de poços e a construção de mais cisternas na região
Em
sua primeira visita ao Ceará neste ano, a presidente Dilma Rousseff
admitiu que os investimentos já feitos pelo governo federal não
produziram os resultados esperados no combate à seca no semiárido, que
já é a maior dos últimos 50 anos. Mas, ao fazer esta mea culpa, a chefe
do Executivo federal anunciou um novo pacote de ações que surpreendeu os
governadores nordestinos, presentes em Fortaleza, apresentando
benefícios além do que vinha sendo reivindicado. Serão, a partir de
agora, investidos R$ 9 bilhões pela União na mitigação dos efeitos da
estiagem. E, garantiu que todas as perdas serão recompostas em um curto
prazo.
Esta foi a 3ª reunião de governadores, em um ano, em que a seca foi prioridade Foto: Waleska Santiago
Anfitrião
do evento, o governador Cid Gomes se mostrou impressionado com o
pacote: "das reivindicações daqui, praticamente todas foram atendidas, e
atendidas num grau de intensidade até maior do que nós demandávamos",
assinalou.
Esta foi a terceira reunião de governadores, em um
ano, em que a questão da seca foi tratada como prioritária. No encontro
de ontem, a presidente disse reafirmar "a parceria incondicional do
governo federal com a população nordestina". "Em razão desse
compromisso, nós do governo federal não poupamos nem esforços nem
recursos para minorar o impacto e os efeitos da seca sobre as populações
atingidas por ela", defendeu.
Do ano passado até o momento,
foram desembolsados pelo governo federal R$ 7,6 bilhões nas ações contra
os efeitos da estiagem. De acordo com a presidente, apesar desse
investimento não ter atingido os objetivos esperados, produziu um
"resultado inequívoco", junto com outras políticas sociais do governo,
de impedir que se repetisse o quadro de saques em comércios locais, de
êxodo rural e fome, comuns em secas anteriores. "No que se refere à
população, nós fomos bem sucedidos".
Já a principal falha
apontada diz respeito à sustentabilidade dos rebanhos. A falta de comida
para o gado fez com que grande parte destes rebanhos morresse na
região. As ações, portanto, darão reforço nesta esfera produtiva. "Nós
sabemos também que devemos não só prorrogar as medidas, mas ampliá-las,
introduzir outras e intensificá-las pelo fato de que todas as avaliações
- e vai ser feita avaliação aqui sobre as perspectivas para os próximos
meses - é que ainda nós teremos um período de estiagem e as chuvas não
vão voltar a cair com a intensidade necessária para a recuperação da
atividade produtiva aqui na região", analisou Rousseff.
Medidas
Uma
das principais demandas dos governadores era de que não houvesse uma
quebra na oferta do benefício Garantia Safra, já que o programa de 2012
acabaria em março e o pagamento do de 2013 só teria início em julho
próximo.
Dilma assegurou que o programa, que garante de R$ 140 a
R$ 155 mensais por família, a partir de agora, será contínuo, até
enquanto perdurarem os efeitos da seca. Também desta forma será o Bolsa
Estiagem, que permite um benefício de R$ 80 por família, e que terá
incorporados mais 361,5 mil beneficiários. Somente no Ceará, 400 mil
famílias são contempladas com os dois programas do governo federal.
Dilma
assegurou que o programa que garante de R$ 140 a R$ 155 mensais por
família continuará enquanto perdurarem os efeitos da seca FOTO: ANTONIO
VICELMO
Dilma também anunciou como medida emergencial o
aumento da oferta de água na região, através da ampliação em 30% do
número de carros-pipa, que passam a 4.746 para 6.170, de recuperação e
novas perfurações de poços, construção de mais cisternas na região (para
consumo humano e para produção) e reequipamento do Exército, cuja ação
na logística dos carros-pipa foi destacada pela presidente, não só pela
eficiência, mas por evitar que fosse feito uso político da ação.
"As
cisternas de produção são estratégicas nesse momento, que vamos ter de
iniciar dois processos, que é salvar os rebanhos existentes e nos
preparar para ter de fato uma estrutura mais robusta para não ter a cada
seca uma perda de rebanhos como houve desta vez".
Tecnologia
A
chefe do Executivo federal defendeu a tecnologia como principal
ferramenta de combate aos efeitos da seca. Ele solicitou o apoio das
universidades estaduais, dos centros de pesquisa, da Embrapa, para ver
alternativas de produção na região. "Todos sabem que, nos últimos dez
anos, o Nordeste cresceu muito mais do que o Brasil e que nós não
podemos nos dar ao luxo de investir recursos aqui e deixar que eles
escorram pelo ralo quando houver seca. A seca é uma realidade, assim
como os países das zonas frias convivem com o inverno. Nós vamos
conviver com a seca, mas conviver com capacidade de superá-la,
preveni-la e superá-la".
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