Seis ministros já se manifestaram pela condenação de Kátia Rabello e José Roberto Salgado; faltam 4 votos
Brasília.A
maioria dos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) votou ontem no
julgamento do mensalão pela condenação da dona do Banco Rural, Kátia
Rabello, e do ex-vice-presidente José Roberto Salgado pelo crime de
gestão fraudulenta.
O
revisor do caso, Ricardo Lewandowski, defendeu a absolvição de Ayanna e
Samarane. Já o relator, Joaquim Barbosa, pediu a condenação FOTO: STF
Eles
são acusados de favorecer o PT e empresas de Marcos Valérios, acusado
de ser o operador do mensalão, com empréstimos simulados. Segundo a
Procuradoria Geral da República, a instituição abasteceu o esquema com
R$ 32 milhões em empréstimos "fictícios".
Posicionamento
A
condenação dos dois réus foi defendida pelos ministros Joaquim Barbosa,
Ricardo Lewandowski, Rosa Weber, Luiz Fux, Dias Toffoli e Cármen Lúcia.
Outros cinco ministros ainda precisam votar, mas, a não ser que algum
dos ministros que já votaram mude o seu entendimento, a decisão será
pela condenação. O julgamento deve ser retomado hoje à tarde.
As
condenações complicam a situação do ex-presidente do PT José Genoino e
do ex-tesoureiro da sigla Delúbio Soares, que tomaram empréstimo de R$ 3
milhões do Banco Rural para o PT em 2003. Acusados de formação de
quadrilha e corrupção ativa, eles aguardam julgamento.
Os
ministros, no entanto, divergiram sobre a participação do
vice-presidente do banco Vinícius Samarane e da ex-vice-presidente
Ayanna Tenório num esquema de fraudes de empréstimo para abastecer o
chamado valerioduto.
Cármen Lúcia, Toffoli, Fux e Rosa Weber
defenderam a condenação de Samarane e inocentaram Ayanna por falta de
provas de envolvimento com o chamado núcleo publicitário do mensalão.
O
relator, Joaquim Barbosa, pediu a condenação também de Ayanna e
Samarane. Já o revisor, Ricardo Lewandowski, defendeu a absolvição dos
dois.
A maioria dos ministros deu respaldo a um ponto central da
acusação: o de que os empréstimos ao PT e às empresas de Marcos Valério
Fernandes de Souza eram de fachada.
Irregularidades
Os
ministros disseram que o banco cometeu fraude ao fazer uma
classificação irreal dos riscos, violando normas. Para Dias Toffoli,
houve inequívoca prática de condutas que desrespeitam normas e
regulamentos das atividades bancárias.
Câmara deverá cumprir decisão
Brasília.
O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Marco Aurélio Mello
enfatizou ontem que é "impensável" o Congresso Nacional se opor a
cumprir uma eventual sentença que determine a perda de mandato do
deputado federal João Paulo Cunha (PT-SP).
Diante da
possibilidade de o STF ordenar a cassação do parlamentar petista ao
final do julgamento do mensalão, dirigentes da Câmara dos Deputados
passaram a advertir que somente a Casa poderia decidir sobre o
afastamento de João Paulo. O deputado foi condenado pelo Supremo na
última semana pelos crimes de corrupção passiva, peculato e lavagem de
dinheiro.
"Quando o Judiciário decide, principalmente o órgão
máximo do Judiciário, apenas cabe cumprir a decisão. Ter-se a perda do
mandato pelo Supremo e se cogitar da submissão desse título para saber
se terá cumprimento ou não pela casa legislativa é impensável", afirmou o
magistrado antes do início da sessão desta quarta do julgamento dos 37
réus do mensalão.
Embora a mais alta corte do país tenha a
prerrogativa de cassar um mandato, há controvérsia no Congresso em torno
de como ocorreria o processo. Na visão dos dirigentes da Câmara, entre
eles o presidente da Casa, deputado Marco Maia (PT-RS), mesmo que o
tribunal condene João Paulo a perder o cargo eletivo, a mesa diretora do
parlamento ou um partido político com assento no Congresso terá de
apresentar uma representação para que seja aberto processo disciplinar
contra o petista.
Na última semana, após concluir seu voto sobre o
item 3 da denúncia do Ministério Público, o ministro Cézar Peluso
apresentou o cálculo da pena dos cinco réus ligados à Câmara e ao Banco
do Brasil e pediu a cassação do deputado do PT. A situação de João Paulo
só será analisada no final do julgamento, quando os magistrados irão
definir a chamada dosimetria das penas.
Para Marco Aurélio, em um
estado que se diga democrático de direito, a última palavra sempre é do
Supremo. "Já se disse inclusive que o Supremo tem a prerrogativa de
errar por último", ironizou.
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