A partir das 14 horas, haverá reunião na Faec com a participação dos presidentes de sindicatos rurais
Iguatu.
O reduzido estoque de milho nos armazéns da Companhia Nacional de
Abastecimento (Conab) e o atraso no transporte dos grãos dos centros
produtores para o Ceará provocaram uma situação crítica para os
criadores. Em decorrência desse quadro de desabastecimento, a Federação
da Agricultura do Estado do Ceará (Faec) lança hoje um manifesto com o
objetivo de sensibilizar o Governo Federal.
Ontem, houve o desembarque de uma carreta de milho para a unidade de Iguatu Foto: Honório Barbosa
A
partir das 14 horas, haverá reunião na sede da Faec entre presidentes
de sindicatos rurais do Estado. No encontro, serão definidas ações a
serem adotadas nos próximos dias. A ideia é que os criadores façam
protestos em frente aos armazéns da Conab, com a presença de animais.
"A
situação é crítica e se agrava a cada dia por causa da seca registrada
neste ano", observou o presidente da Faec, Flávio Saboya. A quota
prevista de milho para o Ceará não está chegando. No campo, a situação é
desesperadora para assegurar alimentação ao rebanho, bovino, ovino,
suíno e aves. A falta de estoque de milho decorre do fato de que os
caminhoneiros preferem fazer o transporte para Estados próximos às áreas
de produção (Sul e Centro-Sul), pois conseguem frete de retorno, a
trazer o produto para o Nordeste.
Esse seria o principal
empecilho, segundo esclareceu recentemente o superintendente regional
substituto da Conab, Anastácio Fontelles. Para a segunda quinzena do mês
de julho, a Conab aguardava a chegada de 24.500 toneladas do grão.
O
vice-presidente da Faec, Paulo Hélder Braga, questionou o fato de que
empresas particulares conseguem, com facilidade, o transporte de grãos e
de outros produtos do Centro-Oeste para o Ceará, enquanto a Conab alega
dificuldades. "Infelizmente, o Governo não está resolvendo esse
problema do transporte, e o milho anunciado para o Estado não está
chegando a tempo e nem na quantidade prometida", alegou ele.
O
Ceará necessita de 25 a 35 mil toneladas/mês, mas não recebe com
regularidade sequer duas mil toneladas por mês. "Não faltou aviso, pois,
há mais de dois meses, a gente vem alertando as autoridades sobre a
situação que vinha se agravando e a demora na remessa de estoque", disse
o presidente da Faec, Flávio Saboya.
O presidente da Faec
esclareceu que, por diversas vezes, esteve na Conab, no Ministério da
Agricultura, na Comissão da Agricultura, Pecuária e Desenvolvimento
Rural, da Câmara Federal, e também na Sudene. "Em todos esses órgãos,
apresentamos a nossa demanda por milho", frisou Saboya.
A
escassez de milho traz sérios prejuízos para os criadores, que são
obrigados a reduzir o número de animais. Muitos produtores estão
misturando a ração do gado numa proporção reduzida que não dá para
manter em boas condições o rebanho. Paulo Hélder observou que o rebanho
passa fome no Interior, há queda da produção de leite e de carne porque
os animais perderam peso.
Pregão
Diante
do apelo dos produtores cearenses, o Governo do Estado vai pagar o frete
de quatro mil toneladas, quantidade insuficiente para atender à demanda
estadual. No próximo dia 6 de setembro, será realizado, na Procuradoria
Geral do Estado (PGE), um pregão eletrônico para que o Governo do
Estado contrate frete para o transporte de quatro mil toneladas de milho
para o Ceará, produto oriundo de Porteirão, em Goiás.
Os grãos
serão destinados aos oito armazéns da Conab no Ceará (Sobral, Maracanaú,
Crateús, Icó, Iguatu, Russas, Juazeiro do Norte e Senador Pompeu). O
frete será pago pelo Governo estadual. A ideia da Secretaria de
Desenvolvimento Agrário é distribuir 500 toneladas para cada unidade
armazenadora.
O milho vai atender agricultores familiares, que
possuem a Declaração de Aptidão ao Pronaf (DAP), e produtores rurais
para alimentar o rebanho. Para os agricultores familiares, a saca de 60
quilos será vendida a R$ 18,10 e para os demais produtores a R$ 21,00.
O
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) assumiu o
compromisso com o Ceará para que, até o fim de setembro, mais de 31 mil
toneladas de milho sejam distribuídas. Os números revelam o crescimento
da demanda por grãos para alimentar o rebanho no sertão do Estado. Antes
da seca, a Conab só tinha cadastrado dez mil produtores rurais. Agora,
são 40 mil inscritos para obtenção do milho do Programa Vendas em
Balcão.
A tendência é de crescimento dos criadores inscritos para
os próximos meses. Os armazéns da Conab praticamente estão vazios e há,
no campo, necessidade que os grãos cheguem para alimentar o rebanho
bovino, ovino, caprino e o plantel avícola.
No armazém da Conab,
em Iguatu, há 200 toneladas de milho em estoque que será distribuída
para as cidades de Quixelô e Acopiara nos próximos dias 4 e 5 de
setembro. A unidade aguarda a chegada de duas mil toneladas do grão para
o próximo dia 11, que será destinada para os produtores locais. No
armazém de Icó, existem 500 toneladas em estoque. Ontem, houve o
desembarque de uma carreta de milho para a unidade de Iguatu.
O
superintendente da Conab no Ceará, Francisco Agenor, reconhece que há
escassez do grão nas unidades da companhia. "O Ceará precisa de 50
toneladas de milho por mês, mas só recebemos duas mil", disse.
"A
situação é grave e a direção do órgão em Brasília está procurando
alternativa para resolver o problema o mais rápido, por meio de novos
contratos de frete, realinhamento de preço, transporte por navio".
Segundo Francisco Agenor, as transportadoras preferiram pagar multa
contratual a trazer o milho para o Ceará, porque o valor do frete subiu
nos últimos meses.
Mais informações:
Federação da Agricultura do Estado do Ceará (Faec)
Telefone: (85) 3535.8000
Superintendência da Conab no CE
Telefone: (85) 3252. 1722
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