Entre os candidatos a governador que foram ao segundo tuno este ano,
os cearenses – Camilo Santana (PT) e Eunício Oliveira (PMDB) – foram os
que mais gastaram em todo o Brasil. É o que mostram os dados da
prestação de contas final da campanha, divulgada pelo Tribunal Superior
Eleitoral (TSE) na última terça-feira. Camilo e Eunício tiveram, juntos,
despesa totais de R$ 100,2 milhões – quantia superior à do Rio de
Janeiro, onde Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Marcelo Crivella (PRB)
disseram ter gastado R$ 52,3 milhões.
No total, 13 estados,
mais o Distrito Federal, tiveram segundo turno em 2014. Os candidatos
que foram a essa etapa da disputa tiveram prazo mais elástico para
prestar contas – por isso, só nesta semana foi possível verificar quanto
cada um desembolsou na eleição inteira. Em estados como Rio, Roraima,
Acre, dentre outros, há discrepâncias significativas entre os gastos
declarados pelos concorrentes (veja quadro abaixo).
Por isso,
as informações serão auditadas pela Justiça Eleitoral e pelo Ministério
Público, que vão querer saber se a despesa informada é compatível com o
tamanho da campanha que foi para a rua. Suspeitas de caixa dois serão
investigadas nesta etapa.
O trabalho dos órgãos de
fiscalização costuma ser árduo. Isso porque alguns candidatos “diluem” a
prestação de contas por meio de vários comitês financeiros – do
partido, da campanha como um todo, ou da própria candidatura. O POVO
considerou o maior valor declarado, entre todas essas fontes de dados.
Assim,
pelas informações do TSE, os gastos de Camilo e Eunício foram
superiores até mesmo à despesa dos dois candidatos mais bem posicionados
de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB) e Paulo Skaf (PMDB) – que, juntos,
informaram gasto de R$ 69,58 milhões. Lá, porém, a campanha se encerrou
no primeiro turno, com vitória do tucano.
Despesas por eleitor
O POVO
também calculou a despesa de cada estado em relação ao número de
eleitores. Por esse critério, dentre os 14 locais pesquisados, o Ceará
fica na sexta posição, atrás de Roraima, Rondônia, Rio Grande do Norte,
Mato Grosso do Sul e Amazonas.
No Ceará, o valor do voto
para os candidatos do segundo turno ficou em R$ 15,97, em valores
declarados. Esse cálculo, no entanto, precisa ser relativizado. Isso
porque alguns dos itens que mais pesam na despesa, como gravações em
estúdio para a propaganda eleitoral, são feitos independentemente do
número de eleitores do estado.
NÚMEROS
100,2
milhões de reais foi o gasto total das campanhas de Camilo e Eunício
SERVIÇO
Veja a prestação de contas final dos candidatos que foram ao segundo turno
Escolha o menu “Eleições”, opção “Contas eleitorais”
Despesa dos que foram ao segundo turno em 2014
O POVO
pesquisou as despesas exclusivas das campanhas de governador. Quatro
fontes de dados disponíveis no site do TSE foram verificadas: comitê do
candidato, comitê financeiro do cargo de governador, comitê financeiro
único e comitê da direção partidária. Aquela que apresentou valor mais
elevado foi considerada no ranking abaixo.
Acre. Total: 6,6 milhões.
Tião Viana (PT) – R$ 6 milhões (comitê financeiro para governador)
Márcio
Bittar (PSDB) – Não há prestação de conta disponível no site do TSE –
nem no comitê do candidato, nem no comitê financeiro único. Única
despesa registrada é de R$ 605 mil, no comitê financeiro do partido.
Amapá – Total: R$ 2,89 milhões.
Waldez Góes (PDT): R$ 2,89 milhões (comitê do candidato)
Camilo Capiberibe (PSB): Não há prestação de conta disponível no site do TSE.
Amazonas
Total: R$ 57,23 milhões.
José Melo (Pros): R$ 29,23 milhões (comitê do candidato)
Eduardo Braga (PMDB): R$ 28 milhões (comitê do candidato)
Ceará
Total: R$ 100,2 milhões.
Camilo Santana (PT): R$ 51 milhões (comitê do candidato)
Eunício Oliveira (PMDB): R$ 49,27 milhões (comitê do candidato)
Distrito Federal
Total: R$ 15,28 milhões.
Rodrigo Rollemberg – R$ 13,28 mil (comitê do candidato)
Jofran Frejat – R$ 2 milhões (comitê do candidato)
Mato Grosso do Sul
Total: R$ 52 milhões.
Delcídio (PT) – R$ 26,77 milhões (comitê do candidato)
Reinaldo Azambuja (PSDB): R$ 25,32 milhões (comitê do candidato)
Goiás – Total: R$ 34,8 milhões
Marconi Perillo (PSDB) – R$ 25,9 milhões (comitê do candidato)
Íris Rezende (PMDB) – R$ 8,9 milhões (comitê do candidato)
Pará – Total: R$ 20,8 milhões Hélder Barbalho (PMDB) – R$ R$ 12,9 milhões (comitê do candidato)
Simão Jatene (PSDB) – R$ 7,9 milhões (comitê do candidato)
Paraíba
Total: R$ 30,8 milhões.
Cássio Cunha Lima (PSDB): R$ 16,7 milhões (comitê do candidato)
Ricardo Coutinho (PSB): R$ 14,1 milhões (comitê do candidato)
Rio de Janeiro
Total: R$ 52,3 milhões.
Luiz Fernando Pezão (PMDB) – R$ 45 milhões (comitê do candidato)
Marcelo Crivella (PRB) – R$ 7,3 milhões
Rio Grande do Norte
Total: R$ 39,78 milhões.
Henrique Eduardo Alves (PMDB): R$ 26,78 milhões (comitê do candidato)
Robinson Faria (PSD): R$ 13 milhões (comitê do candidato)
Rio Grande do Sul
Total: R$ 21 milhões.
Tarso Genro (PT): R$ 11,24 milhões (comitê do candidato)
José Ivo Sartori (PMDB): R$ 9,8 milhões (comitê do candidato)
Rondônia
Total: R$ 23,56 milhões.
Confúcio Moura (PMDB): R$ 17,56 milhões (comitê do candidato)
Expedito Júnior (PSDB): R$ 6 milhões (comitê do candidato)
Roraima
Total: R$ 11 milhões.
Suely Campos (PP): R$ 673 mil (comitê da candidata). Não há prestação de conta nos outros comitês financeiros da campanha.
Chico Rodrigues (PSB): R$ 10,39 milhões (comitê financeiro para governador)