As eleições de 2014 tem um significado
diferente e de reconquista de poder para a Região do Cariri, a mais
populosa do Interior do Ceará: após 41 anos, um nome do Cariri voltará a
comandar os destinos administrativos e políticos do Estado. Com a
tendência de polarização entre os candidatos do PT, Camilo Santana, e do
PMDB, Eunício Oliveira, um dos dois ocupará a cadeira de governador a
partir do dia primeiro de janeiro de 2015. Camilo nasceu na cidade do
Crato, e Eunício, em Lavras da Mangabeira.
O último líder político da Região do Cariri a
governar o Ceará foi Adauto Bezerra. Filho de Juazeiro do Norte, Adauto
trilhou os caminhos da política após carreira no Exército. Exerceu
mandatos de deputado estadual, deputado federal, governador do Estado
entre 1974 e 1978, e vice-governador. Nos anos 90 e na primeira década
deste século, a posição política mais expressiva do Cariri foi dada ao
empresário Reginaldo Duarte que ficou como suplente dos senadores Beni
Veras e Luiz Pontes, chegando a assumir o mandato por cinco anos.
Adauto foi governador nomeado pelo então
presidente da República, Ernesto Geisel, no período da ditadura
militar. Em 1978, saiu do Governo para concorrer à Assembleia
Legislativa e, em 1982, foi eleito vice-governador na chapa de Gonzaga
Mota. Quatro anos depois, Adauto rompe com Gonzaga e decide, pelo PDS,
concorrer ao Governo do Estado contra o jovem empresário Tasso
Jereissati (PMDB). Tasso ganhou, Adauto mergulhou na iniciativa privada e
saiu da cena política e eleitroal.
A orfandade política do Cariri fez com que a
região perdesse força, nas últimas quatro décadas, no cenário estadual.
Após a liderança exercida pelo então Governador Adauto Bezerra, a Região
ficou sem expressão política, embora tenha se mantido sempre com bom
número de representantes na Assembleia Legislativa e Câmara Federal. Sob
o olhar e a liderança de Adauto, o Cariri demonstrava unidade política,
mais centralização e menos divisões. Os conflitos entre as bases
eleitorais de deputados estaduais e federais deixaram a região relegada a
um plano secundário. Aos poucos, ficou cada vez mais caracterizada a
presença de nomes de outras regiões do Ceará na disputa pelos votos à
Assembleia Legislativa e Câmara Federal, fragilizando a liderança
política da região.
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