Após mais de 2 anos na espera para ser submetido a uma cirurgia no Hospital Geral de Fortaleza (HGF),
o aposentado Reginaldo Fernandes Madeira, 45, precisou acionar a
Justiça para tentar conseguir que o Governo do Estado custeie todas as
despesas com o procedimento em alguma unidade que tenha condições de
realizar a cirurgia.
Após não conseguir a realização da cirurgia no HGF, o aposentado precisou acionar a Justiça FOTO: JOSÉ LEOMAR
Assim como Reginaldo, pelo menos 100 processos desse tipo foram submetidos na Justiça pelo Núcleo de Defesa da Saúde da Defensoria Pública Geral do Estado desde fevereiro deste ano. Do total de ações ajuizadas pelo órgão, cerca de 30% são para solicitar o custeio de cirurgia.
"Diariamente, chegam pessoas no Núcleo para reclamar do tempo na fila de espera e solicitar o custeio de cirurgia. E em 95% dos casos, as liminares são concedidas
pela Justiça. Como os procedimentos cirúrgicos costumam ser de alta
complexidade, a maioria dos requerimentos é para o Governo do Estado
pagar", explica o defensor público Dani Esdras Cavalcante.
Mesmo com uma decisão judicial que intimou a Secretaria da Saúde do Estado (Sesa)
a pagar pela cirurgia de Reginaldo, ele denunciou que o órgão descumpre
a determinação, enquanto o aposentado perde a visão, devido às lesões
causadas por uma complicação chamada de Retinopatia Diabética.
De acordo com o defensor Dani Esdras, é comum o Governo do Estado
não cumprir a decisão judicial nesses casos. A Sesa, no entanto, alegou
por meio de nota que a rede pública do Ceará não é capaz de fazer o
tratamento de Reginaldo e desmentiu a denúncia feita pelo aposentado. O
órgão informou que o caso do paciente já foi encaminhado para Tratamento Fora de Domicílio (TFD) e falta somente o agendamento da cirurgia.
“Além de de custear as despesas do paciente, também são pagas as
despesas de passagem e hospedagem do acompanhante durante o tempo de
todo o tratamento. A Secretaria da Saúde do Estado fez o encaminhamento
para hospital público fora do Estado e está aguardando o agendamento do
procedimento cirúrgico”, declarou em nota.
Reginaldo é portador
de diabetes e a doença, desde 2010, compromete a visão do aposentado. O
problema fez o ex-entregador de uma panificadora ser aposentado por invalidez. Atualmente, ele não enxerga com o olho direito e o esquerdo está com a visão bastante comprometida.
"Meu caso é de urgência. Estou quase ficando cego. Isso é um absurdo.
Mesmo com o Governo do Estado sendo obrigado a pagar minha cirurgia,
ele não faz isso. Tenho apenas 45 anos e já sou aposentado por
invalidez. E isso aconteceu porque a cirurgia não foi realizada quando
ainda havia tempo para evitar o pior", lamentou Reginaldo.
Em 2012, ele procurou a Defensoria Pública e o órgão acionou a
Justiça, obtendo a liminar já em março deste ano. Diante do
descumprimento, um multa diária de R$ 1.000 passou a ser cobrada do
Governo. A partir do dia 17 de junho, o valor foi dobrado. Devido ao
problema, a Defensoria Pública chegou até entrar com uma petição no último dia 15 de agosto pedindo o bloqueio dos recursos da Secretaria da Saúde do Estado.
Com a justificativa da Sesa, o defensor público Dani Esdras
esclareceu, porém, que a multa gerada pela prazo descumprido no caso de
Reginaldo pode ser perdoada caso a Justiça ache necessário. “Se a
Justiça entender que o prazo de 10 dias dado por ela não foi suficiente
já que o Governo do Estado precisou acionar um hospital público fora do
Ceará, a dívida pode ser perdoada”, ressaltou.
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