A defesa de Dirceu parte para sua estratégia mais ousada e agressiva desde que o processo começou a ser julgado
Brasília.
O ex-ministro José Dirceu (Casa Civil), condenado a 10 anos e 10 meses
de prisão por corrupção ativa e formação de quadrilha no processo do
mensalão, quer o afastamento de seu algoz, o ministro Joaquim Barbosa,
presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), da relatoria dos autos da
ação penal 470 e sua redistribuição para outro ministro da Corte.
A
defesa do ex-ministro pede a reforma do acórdão, atribuindo ao relator
Barbosa, "contradições, omissões e supressões inadmissíveis" FOTO:
AGÊNCIA BRASIL
Em recurso de embargos de declaração,
protocolado no STF ontem, a defesa de Dirceu parte para sua estratégia
mais ousada e agressiva desde que o processo começou a ser julgado, em
agosto de 2012. A defesa pede a reforma do acórdão do Mensalão,
atribuindo ao relator Barbosa, hoje presidente do STF, "contradições,
omissões e supressões inadmissíveis".
"A supressão das
manifestações dos ministros prejudicou imensamente a compreensão do
acórdão, inviabilizando a plena ciência da fundamentação adotada pelos
julgadores da causa", afirma a defesa, subscrita pelos criminalistas
José Luís Oliveira Lima, Rodrigo Dall´Acqua e Ana Carolina Piovesana. A
defesa pede a redução da pena-base pelo crime de formação de quadrilha
imposta a Dirceu sob argumento de que é contraditória e ilegal. Alega a
defesa "grave prejuízo causado pelas supressões". "O acórdão foi
contraditório ao exacerbar a pena duas vezes pelo mesmo fundamento. Tal
contradição é inadmissível e viola entendimento do Supremo Tribunal
Federal".
A defesa também atribui a Barbosa contradição na
fixação da pena a Dirceu pelo crime de corrupção ativa. O ex-ministro
pede que sejam concedidos efeitos infringentes aos embargos de
declaração, com "a consequente e necessária redução da pena base".
O
recurso coloca como "questão preliminar" o deslocamento da relatoria.
"Considerando que o ministro relator assumiu a Presidência do Supremo
estes embargos de declaração devem ser redistribuídos para outro
ministro, conforme interpretação dos artigos 38 e 75 do Regimento
Interno do STF".
A defesa argumenta que "o acórdão não conteve a
transcrição, na integra, das manifestações de todos os ministros, posto
que houve supressão de diversas falas proferidas". No recurso de 46
páginas, a defesa cita que houve supressão da fala dos ministros Luiz
Fux, Ricardo Lewandowski e Celso de Mello.
Recorreu
Condenado
a mais de 40 anos de prisão pelo STF no julgamento do mensalão, o
publicitário Marcos Valério recorreu ontem à Suprema Corte. No recurso,
assinado pelo advogado Marcelo Leonardo, são apresentados 11 embargos de
declaração, onde pede a anulação do julgamento e responsabiliza "a
pressão da mídia" e a atuação do presidente da Corte, Joaquim Barbosa,
por "omissões" do acórdão.
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