Após eleito, o petista Fernando Haddad disse que iria derrubar o muro da vergonha que separa ricos e pobres na cidade
São Paulo O ex-ministro da Educação Fernando Haddad (PT), 49,
foi eleito ontem o novo prefeito da cidade de São Paulo. Ele recebeu 55,57%
dos votos válidos, enquanto o ex-governador paulista José Serra (PSDB), 70,
foi votado por 44,43% dos eleitores.
Depois de estar ameaçado de não chegar ao segundo turno, o PT elege Haddad e consegue voltar ao poder em São Paulo após oito anos FOTO: FOLHAPRESS
No primeiro discurso após o resultado, Haddad disse que "irá derrubar o muro da vergonha que separa a cidade rica da cidade pobre. São Paulo não é uma ilha, não é uma cidade murada, precisa fazer parceria. Quero acabar com a desigualdade na cidade". Ele disse que São Paulo tem que ser antes de tudo "uma cidade-lar, um teto digno debaixo do qual toda família possa realizar seu sonho de ser feliz". Para o candidato, "São Paulo é de todos os nascidos aqui, é de todos os que vieram para cá, é de todo o Brasil".
Duro golpe
A vitória de Haddad representa a volta do PT ao comando da maior cidade do País oito anos depois de a petista Marta Suplicy ter sido desalojada da prefeitura pelo próprio Serra. A derrota do tucano representa um duro golpe na oposição, que perde um de seus principais redutos, além de ter um sabor amargo para Serra, que perdeu para Lula e para Dilma Rousseff as disputas presidenciais de 2002 e de 2010. Professor universitário, estreante em eleições, Haddad teve o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva como fiador e principal cabo eleitoral de sua candidatura, imposta ao PT.
A candidatura, mais uma "invenção" bem-sucedida de Lula - em 2010, já havia apostado em Dilma, também eleita-, enfrentou resistências dentro do PT em um primeiro momento.
Apelos
Entre os obstáculos ultrapassados por Haddad esteve a intenção da ex-prefeita Marta Suplicy, derrotada em 2004 e 2008, voltar a disputar o cargo. Ela desistiu da pré-candidatura após apelos de Dilma e Lula, mas ficou ausente no início da campanha, evidenciando que estava contrariada.
Ainda na pré-campanha, Haddad foi criticado após negociações de aliança com o recém-criado PSD do prefeito Gilberto Kassab. O acordo, que era costurado por Lula, fez água quando Serra anunciou que entraria na disputa e o prefeito optou por apoiar o antigo aliado.
Haddad também contou com a ajuda do Planalto para estancar as críticas de evangélicos, que o associavam ao chamado "kit-gay" -material anti-homofobia produzido para ser distribuído em escolas pelo MEC durante a gestão de Haddad.
Logo após a nomeação do senador Marcelo Crivella (PRB-RJ), ligado à Igreja Universal, como ministro da Pesca, as críticas diminuíram e só voltaram mais intensamente na reta final.
Paulo Maluf
Outro momento de crise na campanha petista foi o apoio do ex-prefeito e deputado Paulo Maluf (PP), que fez questão de oficializar o acordo no jardim de sua casa, ao lado de Lula, em uma foto que entraria para a história. No dia seguinte ao apoio de Paulo Maluf, a deputada Luiza Erundina (PSB-SP) desistiu de ser vice de Haddad.
O acordo com Maluf rendeu à campanha petista um dos maiores tempos no horário eleitoral da TV. A presidente Dilma também entrou na campanha na reta final do primeiro turno e foi a São Paulo participar de comício com o correligionário.
No segundo turno, o apoio de Dilma e Lula se tornaram mais constantes e Haddad também recebeu o reforço de Gabriel Chalita (PMDB), quarto colocado no primeiro turno. Em desvantagem nas pesquisas, Serra partiu para o ataque contra a campanha do PT, mas não conseguiu reverter a desvantagem.
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