Iguatu Produtores rurais no Interior do Ceará reclamam
da demora para aquisição de milho do Programa de Vendas em Balcão da
Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Em decorrência da seca, a
demanda pelo grão aumentou em cerca de 300% e os armazéns da Conab
enfrentam obstáculos operacionais para atender a clientela. A situação
agravou-se há cerca de 10 dias porque houve descontinuidade do programa.
Os estoques acabaram nas unidades e a greve dos caminhoneiros atrasou a
entrega de novas remessas para a região Nordeste. Atualmente, os
armazéns estão vazios no Estado.
O milho vendido pelo Programa de Vendas em Balcão
da Conab, com preços abaixo do mercado, foi insuficiente para a
crescente demanda FOTO: HONÓRIO BARBOSA
Os criadores de aves, bovinos, ovinos e suínos
necessitam de milho para alimentar o rebanho. O setor agropecuário
enfrenta neste ano uma grave crise por causa da seca que se abateu sobre
o Estado. Resultado: a demanda pelo grão cresceu consideravelmente.
Neste mês, a Conab no Ceará começou a operacionalizar o programa
especial em caráter emergencial com preços diferenciados para atender os
produtores rurais cadastrados na Agência de Desenvolvimento
Agropecuário (Adagri) e na Conab.
Na cidade de Iguatu, que é polo de distribuição de milho para nove
Municípios da Região Centro-Sul, são atendidos, em média, 50 produtores
por dia, mediante distribuição de senha. "Alguns chegam pela madrugada e
não conseguem ser atendidos porque o número de senha já se esgotou",
contou o produtor Luís Gonçalves. "É preciso tentar novamente no dia
seguinte".
Nos dias de atendimento no início deste mês houve muitas reclamações por
parte dos produtores rurais. Na cidade de Maracanaú, na Grande
Fortaleza, o problema se repete. Um produtor da cidade de Pentecoste,
que pediu para não ser identificado, disse que alguns agricultores
precisam dar duas ou três viagens para conseguir obter o milho. "Isso
traz prejuízo porque muitos vêm em carro alugado", explicou. "O programa
é bom, tem preço reduzido que beneficia os produtores, mas a burocracia
está prejudicando o andamento".
Após o cadastro, o produtor recebe um boleto para efetuar o pagamento no
sistema bancário. Na maioria das vezes, não dá para receber o grão no
mesmo dia, tendo que retornar ao armazém no dia seguinte. O que se
observa na maioria dos escritórios da Conab no Interior do Estado é o
reduzido número de funcionários para atender uma demanda sempre
crescente. "Não é só entregar o milho, mas precisamos gerir o sistema de
emissão de nota fiscal e realizar outros serviços internos", explica a
gerente substituta em Iguatu, Lúcia Araújo. "Sabemos das reclamações e
estamos tentando melhorar o atendimento".
O polo de Crateús foi beneficiado com a abertura de uma unidade de
distribuição de milho em Tauá. O escritório firmou parceria com a
Ematerce, Secretaria de Agricultura do Município e com a Federação das
Associações de Moradores e de Produtores. "Dividimos o atendimento por
cidades e por isso não temos reclamação quanto à demora para entrega do
produto", disse o gerente do armazém regional da Conab, Josemar Martins.
"Aqui a reclamação é por causa da falta de estoque de milho".
Atraso
A superintendência da Conab no Ceará não esperava que ocorresse
a descontinuidade do programa. A estimativa do órgão era que, até o
próximo dia 30, todos os armazéns estivessem com estoque regularizado.
"A greve das transportadoras e o milho safrinha direcionado para a
região Centro-Sul do País atrasaram a vinda do milho para o Ceará",
explicou o superintendente regional substituto, Anastácio Fontelles. "A
nossa expectativa é de que o milho comece a chegar até o fim da próxima
semana".
Quanto às queixas por parte dos produtores rurais na demora da entrega
do milho, Fonteles esclareceu que houve um aumento significativo na
demanda. "Passamos de dez mil cadastros para trinta mil em um mês",
disse. "A tendência é de crescimento e deve chegar a 80 mil produtores
cadastrados por causa da seca", estimou.
Fontelles frisou que a Conab está realizando um planejamento para
melhorar o atendimento nos armazéns do órgão e que há uma equipe de
fiscalização para observar o andamento do serviço e colher sugestões.
"Estamos no primeiro mês de operacionalização do programa e a demanda
foi superior à capacidade instalada, mas vamos enfrentar esse desafio e
melhorar o atendimento", disse. "Remanejamos servidores, firmamos
parcerias com outros órgãos e temos buscado apoio nos Municípios e no
Estado", afirmou.
Na cidade de Iguatu, que é polo de distribuição para nove Municípios da Região Centro-Sul, são atendidos 50 produtores por dia
Alguns chegam pela madrugada e não conseguem pegar senhas porque a quantidade é insuficiente para a crescente demanda
Dificuldades
A Conab vai ampliar o número de polos de atendimento avançados. Hoje são
dois: Tauá e Brejo Santo. "Enfrentamos um período de emergência que
deve ser mais crítico em outubro e novembro e, por todas as
dificuldades, não teremos um atendimento excelente, mas vamos melhorar",
observou Fontelles. "Estamos também preocupados com o período eleitoral
para evitarmos qualquer tipo de influência ou benefício no Interior".
No mercado, o preço da saca de 60 quilos do milho já chegou a R$ 40,00.
Na Conab, o valor é reduzido e varia de acordo com a quantidade vendida.
Os produtores têm direito a uma determinada quantidade segundo o
plantel. Até três mil quilos, a saca de 60kg custa R$ 18,12; entre mil
quilos e 7 mil quilos, custa R$ 21,00; já entre sete mil quilos e 14 mil
quilos, custa R$ 24,60.
Mais informações:
Superintendência da Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) Escritório no Ceará
Gerência de Operações
Telefone: (85) 3252. 1722
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