Sem perspectiva será o futuro da administração com os tipos de coligações que são feitas para o pleito municipal
Os
irmãos são impostos. Mas os amigos são escolhidos. É comum ouvirmos
tais afirmações nas justificativas de pessoas que, mesmo sem qualquer
relação consanguínea, parecem familiares de tão próximas, íntimas,
comungarem dos mesmos ideais e propósitos que lhes permitem, dialogando,
vencer barreiras e conquistar vitórias, sem terem assumido qualquer
compromisso de assim procederem, como fazem os políticos ao anunciar as
alianças para ganharem eleições.
Cid e Luizianne, no início deste ano, no evento em Maracanaú, onde
estava a presidente Dilma. Já divergiam em relação à sucessão Foto:
Marília Camelo
No campo da política partidária e da busca do
poder, pelas vantagens que ele encerra, as aproximações dos candidatos à
representação popular têm o sentido do fisiologismo.
Uma
realidade nada alvissareira para um povo com necessidade de avançar na
busca de uma melhor qualidade de vida, dependente da boa governança,
sempre falha, também, pela má-formação dos núcleos organizados para o
gerenciamento da administração pública.
Quais os objetivos,
motivos, razões, compromissos e metas estabelecidos pelos grupos
liderados pelo governador Cid Gomes, do PSB, e pela prefeita Luizianne
Lins, do PT, para uni-los nos pleitos de 2006, 2008 e 2010 resultando na
eleição de Cid e nas reeleições de Luizianne e do próprio Cid, ao longo
dos últimos seis anos? Os de melhorarem a gerência das coisas do
Município e do Estado, ou simplesmente de defenestrarem os ex-detentores
daqueles executivos?
E o que esperar dos políticos pretendentes
aos cargos de prefeitos e vereadores, ainda hoje, a menos de vinte dias
para o encerramento do prazo de oficialização de candidaturas e
coligações, sem definição para quem deva sugerir o eleitor votar, no dia
7 de outubro, posto ainda estarem discutindo acordos que a eles
beneficiem, nessa ou naquela próxima administração, numa clara
demonstração de falta de projetos, de compromisso com o governar e com a
população.
Razões diferentes
Num sistema
político civilizado cabe muito bem a efetivação de alianças
partidárias. Por elas, os grupos afins chegam ao Poder e governam com um
objetivo comum, político e ideológico. Rompimentos existem, mas por
razões diferentes das noticiadas e comentadas pela nossa crônica
política, tendo por base o clientelismo, a divisão das benesses e dos
espaços de poder para a consecução de objetivos pessoais, enfim, por
coisas menores, contrárias ao interesse coletivo.
No último
domingo, quando falamos sobre o início do Calendário Eleitoral para a
homologação das candidaturas e em Fortaleza, nenhuma das agremiações
partidárias ter definido seus candidatos e coligações, além da falta de
debate sobre os problemas da cidade, nos reportamos sobre a falta de
compromissos das alianças que porventura venham a se concretizar.
Não
inspira confiança uma coligação feita às pressas, por políticos com
posições e ideologias díspares com o fim único de atender aos interesses
eleitoreiros na disputa, pois sem um projeto de Governo real, pois
geralmente esses candidatos escolhidos de última hora forjam uma
proposta só para mostrar nos programas da propaganda eleitoral gratuita,
no rádio e na televisão.
Lula, Maluf e Erundina
Qual
o projeto de Governo que poderia unir o ex-presidente da República,
Lula; o deputado federal Paulo Maluf, ex-governador e ex-prefeito de São
Paulo; a deputada federal e ex-prefeita de São Paulo, Luiza Erundina?
Difícil de responder, mas eles estão no mesmo palanque em defesa da
candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura da Capital paulista e têm
visões, atitudes e cuidados diferentes da coisa pública, comprovados nos
discursos e ações empreendidas nos vários momentos em que foram
prefeitos, governador e presidente da República.
Fisiologicamente,
no entanto, são iguais. Lula fica ao lado de Maluf com o objetivo único
de ganhar, a qualquer custo, a eleição em São Paulo, um forte reduto
dos tucanos. E para isso esquece o que disse sobre quem é Maluf, e todo o
combate travado contra aquele político condenado em várias instâncias
da Justiça brasileira, por atos e ações incompatíveis com a seriedade
que se reclama dos governantes.
Maluf, para apoiar Haddad, vai
receber benesses do Governo Federal. Erundina, ex-prefeita de São Paulo,
antiga petista que se desgarrou do partido quando afloraram as
diferenças de pensar e agir, volta ao ninho petista como aliada e
candidata a vice-prefeita, para pagar a fatura da negociação feita entre
Lula e o governador de Pernambuco, Eduardo Campos, presidente nacional
do PSB, relacionada à disputa pela Prefeitura de Recife e outras cidades
brasileiras.
E assim se fazem as alianças políticas Brasil afora.
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