Do Distrito de São Paulinho, vem os nomes mais diferentes do Brasil. São os Feitosa e Gonçalves da Costa
Acopiara
Que tal batizar seus filhos com nomes como Mustafá, Jefon,
Nabucodonosor, Nabopolasar, Keren-Hapuc, Migdalgade, Jetro, Raabe? Achou
estranho? Pois esses são alguns exemplos de nomes da família Gonçalves
da Costa, que tem berço no Distrito de São Paulinho, situado na zona
rural deste Município, localizado na região Centro-Sul do Ceará.
Há
quatro gerações que a maioria dos descendentes do casal, Antonio Alves
Feitosa e Estelita Gonçalves da Costa, mantém a tradição de registrar as
crianças com nomes estrambóticos ou incomuns.
Início
Tudo
começou por iniciativa de Estelita, que era uma dona de casa que lia a
Bíblia, romances, livros de história e literatura de cordel. "A nossa
avó era inteligente, uma mulher instruída, que gostava de ler e recitava
cordel", contou a neta, historiadora, Elisa Paraguaçu.
O casal
Antonio Feitosa e Estelita Gonçalves teve 16 filhos e alguns foram
registrados com nomes de Gefon, Maristela, Djanira, Milton, Otacílio,
Manaceis, Mustafá, Guaraciaba, Itagibe, Gefon e Nédina. Os filhos
seguiram a ideia da avó e deram continuidade batizando os netos com
nomes diferentes. "As gerações futuras deram continuidade e alguns
pretendem manter esse propósito", comentou a neta Elisa Paraguaçu.
A
família hoje com 127 descendentes, entre filhos, netos, bisnetos e
tataranetos, bate recorde nacional de registro civil de nomes estranhos.
Resfa, Atália, Cleópatra, Amytis, Nabupolasar, Itagibe, Acsa e Sámua
são outros exemplos, mas não para por aí. Selomite, Ísis Lilith,
Matso-Hito, Baruque, Gineton, Sadraque, Cetura, Agarista ampliam a lista
dos nomes esquisitos. Drusila, Lamec, Rarika, Lurrara e Pedro Uri
complementam este rol.
"Existem exceções e alguns não seguem a
tradição", observou Elisa Paraguaçu, que faz questão de frisar que
´Paraguaçu´ não é sobrenome. "É meu segundo nome próprio em homenagem a
índia Tupi, que viveu um grande amor com o português, Diogo Álvaro",
afirmou.
Rainha
Cleópatra lembra que tem
nome de rainha do Egito. "Adoro meu nome e não tenho constrangimento".
Djanira lembra que quando foi batizar Elisa os filhos de Nabucodonosor,
foi repreendida pelo padre, que teria questionado o fato do rei
Nabucodonosor ter sido mal e comido capim. "Você não tem outro nome
não?", teria indagado o sacerdote. Em resposta, Djanira manteve a
decisão. "O menino é meu e eu boto o nome que eu quero e se o senhor
quiser batizar, batize". Djanira ainda frisou: "Meu filho nunca comeu
capim".
Gefon, filha da Estelita, diz que todas as vezes que as
pessoas precisam escrever o nome dela é preciso soletrar porque há
dúvida. Nédima Feitosa diz que gosta do nome, mas a única coisa
inconveniente é o fato de que a maioria das pessoas pronuncia o nome sem
acento, com tonicidade paroxítona. "Tenho que corrigir".
De pai para filho
Setura,
terceira mulher de Abraão, é um nome bíblico a exemplo de outros que
integram a família. A professora Selomite manteve a tradição e batizou
os filhos de Keren-Hapuc, Raabe, Sámua, Acsa, Ruama, Safira, Jetro e
Ercília.
Alguns netos seguiram a tradição e, assim, vieram
Rárica, Amytis, Luhara. Chegou, inclusive, aos tataranetos, que
receberam nomes como Isis Lilith e Horus Lucius.
Nabucodonosor,
rei da Babilônia, tinha como sua esposa preferida a princesa meda,
Amytis, para quem ele construiu o Jardim Suspenso da Babilônia. Esses
nomes da antiguidade vieram para a família cearense graças à decisão da
dona de casa Djanira. "Não foi combinado, os filhos, netos e agora
bisnetos foram decidindo registrar nomes diferentes e esquisitos",
contou. "Todos conhecem a origem e história do seu nome. Nenhum nome foi
inventado", conta Elisa.
Matriarca
Estelita
Gonçalves da Costa era filha de Raimundo Gonçalves da Costa, conhecido
por Raimundo Mariano, um homem destemido. Por isso, em São Paulinho, a
família é conhecida como: "os Marianos". Estelita morreu em 2007, aos 93
anos. Em julho do próximo ano, a família programa a comemoração do
centenário de nascimento da matriarca, que deu origem aos nomes
estranhos para a língua portuguesa.
A família mantém a tradição
de se reunir em datas comemorativas como aconteceu durante a Semana
Santa, no mês passado. "O que ela plantou há quatro gerações se mantém
até hoje e esses nomes não são dados à toa, tem origem, história e
significado", frisou Elisa. Com certeza, em seu centenário, muitos nomes
estranhos estarão reunidos.
HONÓRIO BARBOSAREPÓRTER
Alguns
dos membros da família, com os nomes Drusila, Berenice, Maristela,
Lucrécia, Jeruza, Selomite, Cetura, Agarista (netas), Baruque, Gineton,
Sadraque e Gi
Estelita Mariano foi quem iniciou o registro dos
nomes diferentes. Ela faleceu em 2007. A família vai festejar seu
centenário no ano que vem
Semana debate atuação dos Museus
Crato.
Até hoje, o Instituto Brasileiro de Museus (Ibram) realiza na região do
Cariri uma parte da programação da 10ª Semana Nacional dos Museus. Este
ano, o evento tem o tema "Museus em um mundo de transformação- novos
desafios, novas inspirações". A programação tem o propósito de mobilizar
a rede de os museus do País a partir de um tema central.
No
Cariri, estão sendo discutidas a atuação dos museus, seus papeis sociais
e as perspectivas para o futuro. A programação é uma forma do Ibram
inserir as instituições ainda não cadastradas na rede nacional de
museus. Automaticamente, o instituto irá descobrir quais são os locais
mais visitados e com maior atuação social.
Apesar da importância
da Semana de Museus, apenas três cidades da região estão participando,
Juazeiro do Norte, Porteiras e Santana do Cariri, onde as atividades
acontecem no Museu de Paleontologia da Urca, no Casarão do Coronel
Felinto da Cruz Neves, na Casa da Memória da Porteiras e no Museu do
Padre Cícero. Mesmo tendo vários museus não oficiais, a Secretaria de
Cultura do Crato, não inscreveu nenhuma instituição no evento. O
Município dispersou a oportunidade de entrar para a rede do Departamento
de Museus do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan).
Integração
No Estado, a
programação se estende também às demais regiões. De acordo com o
historiador responsável pelo Museu de Paleontologia da Urca, Titus
Riedl, é preciso fortalecer integração entre os museus no Estado.
"Infelizmente, no momento, a rede de contatos dos museus no Ceará é
desarticulada, sobretudo, em relação às muitas iniciativas feitas no
interior do Estado. É preciso reativá-la para que o verdadeiro papel dos
museus seja cumprido", afirma Titus.
A Semana de Museus é o
maior evento de museus no Brasil. No Ceará, 90% das instituições do
setor ainda não foram oficializadas como museu, por isso, não fazem
parte da Rede Nacional de Museus. A ideia é, além visitar as
instituições não oficiais, tentar integrá-las à rede. Dentro da
programação, estão sendo realizadas oficinas de xilogravuras, cordel e
replicas de fósseis em gesso. Além de apresentação de filmes e teatrais,
passeios fotográficos, trilhas interpretativas e exposições. A
expectativa é que, até o final do evento, 300 pessoas tenham participado
das ações.
Na região do Cariri, não há um cadastro dos museus
existentes. Geralmente, eles são informais e mantidos por particulares,
alguns chegam a funcionar em residências. Os de maior visitação são o
Museu Vivo do Padre Cícero, que fica na colina do Horto, Memorial do
Padre Cícero, também em Juazeiro, a Casa Grande, em Nova Olinda, e o
Museu de Paleontologia, em Santana do Cariri.
Articulação
Mas,
ainda existem o Museu de Fósseis, o Museu de Arte Vicente Leite, entre
outros. Entretanto, a falta de uma política articulada e de projetos que
deem maior visibilidade as essas instituições, dificultam a visitação. O
Geopark Araripe, por meio de programas educativos, tenta buscar uma
maior integração entre os museus na região.
À partir a realização
da 10ª Semana de Museus, o Museu de Paleontologia da Urca irá realizar
atividades complementares. Mensalmente, serão ofertadas oficinas
inclusivas para crianças e adultos. O Geopark Araripe está recebendo
sugestões de facilitadores e temas para o projeto das oficinas.
Participação
3
cidades da região do Cariri participam da programação da 10ª Semana de
Museus. A expectativa é que recebam muitas visitas durante o evento
Mais informações:
Geopark Araripe
Rua Carolino Sucupira, Bairro Pimenta - Crato - Cariri
Telefone: (88) 3102.1237
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