sábado, 24 de março de 2012
Vigilantes se dizem ´reféns´ do crime
Profissionais reclamam da falta de portas giratórias nas agências e exigem melhores condições de trabalho
"Os vigilantes das agências bancarias são reféns do crime organizado". A afirmação é do presidente do Sindicato dos Vigilantes do Estado do Ceará (Sindvigilante), Geraldo Cunha. A categoria realizou, ontem pela manhã, protesto em frente ao Bradesco, que sofreu uma tentativa de assalto na última terça-feira, na Aldeota. Hoje, o sindicato tem dez mil vigilantes. Desses, 50% trabalham em bancos.
De acordo com o líder do Sindvigilante, as agências estão retirando as portas giratórias, o que facilita ainda mais a ação dos bandidos. "É preciso mais segurança nesses locais. Eles não investem em segurança. Quem sofre com isso são os clientes e quem trabalha nesses bancos", reclama.
Cunha comentou que os vigilantes que atuam nos bancos ficam temerosos com a facilidade com que os bandidos conseguem entrar nas agências. "Eles ficam sempre esperando ser abordados. É um trabalho muito tenso, pois não existem condições de segurança", comentou.
Ele ressaltou que, sem a porta giratória, o vigilante e as câmeras internas são os únicos que podem fazer a segurança do local. "O primeiro objetivo dos ladrões é desarmar os vigilantes. Por isso, recomendamos que, se não tiver chance de reação, é melhor não reagir. Dessa forma, ninguém sai ferido".
Para o presidente do Sindvigilante, é importante que o poder público comece a se preocupar com todos esses problemas. "Queremos que seja realizada uma audiência pública para que todos possam discutir essa questão. Para isso, vamos convidar a Policia Federal, Ministério Público, representantes dos bancos e bancários", frisou.
Outro problema enfrentado pela categoria é a impotência em relação ao uso de telefones celulares dentro da agência. Cunha disse que os vigilantes não possuem poder sobre os objetos pessoais dos clientes, por isso, eles têm como impedir que a pessoa utilize o aparelho. O banco que deve tomar alguma providência nesses casos.
"Todos esses assaltos já resultaram em vigilantes assassinados, agredidos e até sequestrados. Infelizmente, vivemos uma situação difícil", completou o presidente do sindicato.
A dona de casa Maria Conceição Carvalho apoiou a manifestação da categoria. "Não podemos simplesmente conviver com essa insegurança. É preciso que façam alguma coisa", opina.
A reportagem tentou entrar em contato com a Associação dos Bancos do Ceará (Abance), mas não teve respostas.
Apreensão
Os bancários que trabalham em agências da Rua Barão do Rio Branco também estão apreensivos desde que um estacionamento de motocicletas foi criado próximo ao local. Eles temem que bandidos, que usam motos para a prática de "saidinhas bancarias" utilizem o local para esperar por suas possíveis vitimas.
O diretor do Sindicato dos Bancários do Ceará (Seeb/CE), Lucius Spartakus, afirma que os funcionários do banco passam os seus dias com medo de que algo ruim aconteça. "A nossa profissão já é perigosa, pois mexe com dinheiro. Com as ´saidinhas bancarias´, esse problema fica ainda maior", reclamou.
Ele comentou que isso é algo que preocupa não só os bancários, mas também os clientes que vão para as agências. "As pessoas ficam temerosas em vir fazer qualquer coisa no banco".
Spartakus destacou que não quer criminalizar os motoqueiros, mas diz que, as motos já foram instrumentos de roubos. "O problema são os bandidos que utilizam esses locais para esperar os clientes ou para acompanhar a rotina da agência", diz.
O diretor do Sindicato explica que já entrou em contato com a Autarquia Municipal de Trânsito, Serviços Públicos e de Cidadania de Fortaleza (AMC) para que o local de estacionamento de motocicletas fosse modificado, mas não obteve resposta.
A assessoria da AMC informou que, no Centro, há 139 vagas regulamentadas para motos. A sinalização foi atualizada em novembro de 2011. O órgão não encontrou a reclamação dos bancários, pois não tinha o número de protocolo.
Trabalhadores
50% dos dez mil vigilantes filiados ao sindicato do Ceará trabalham em bancos, de acordo com o presidente da entidade, Geraldo Cunha
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