sexta-feira, 23 de março de 2012

Leia a última entrevista de Chico Anysio



Depois de aparições bissextas na televisão nos últimos anos, Chico Anysio, 78, volta ao horário nobre em jornada dupla. Hoje, reencarna o pomposo apresentador Alberto Roberto, no especial de dez anos de "Zorra Total". E desde ontem, interpreta Namit, diretor de Bollywood que se finge marajá para aplicar um golpe na família de Manu (Osmar Prado), na novela "Caminho das Índias", de Glória Perez.

Ironicamente, o personagem da trama diz muito sobre os rumos que a carreira do humorista tomou recentemente. Afastado da TV, ele passou a ser assediado por cineastas: de um ano para cá, rodou participações no infantil "Uma Professora Muito Maluquinha", na cinebiografia do forrozeiro Frank Aguiar, "Sonhos de um Sonhador", e no remake de "A Hora e a Vez de Augusto Matraga", entre outros.

"O cinema me descobriu. Se pudesse, só fazia filmes", afirma, antes de entregar uma ponta de mágoa. "Fiquei chateado por não ter entrado no do [Arnaldo] Jabor ['A Suprema Felicidade']. Não me convidaram."

Entre um set de filmagens e outro, Anysio pouco tem visto TV. O que não o impede de ter uma ou duas impressões sobre as atrações cômicas no ar atualmente. "O 'CQC' não é um programa de humor, mas de jornalismo irreverente [...] E o 'Toma Lá, Dá Cá', não posso falar... [pausa] não há como falar sem fazer críticas. Ouço elogios, muitos, à 'Grande Família'."

REGINA CASÉ

Contratado da Globo até 2012, ele lamenta que o humor televisivo tenha perdido "uma de suas maiores estrelas", Regina Casé. "Ela deixou de ser uma grande atriz cômica para ser uma repórter que traz coisas de pobres para a gente ver. Para ver pobre, não preciso dela. Moro em São Conrado [zona oeste do Rio]. Abro a janela e vejo [a favela da Rocinha]."

Quanto à possibilidade de voltar a estrelar um programa de humor, Anysio é taxativo. "Devagar sobre o impossível!" Mas, para não ser pego desprevenido no caso de mudança de sorte, tem na manga o projeto de "Tudo Eu", conjunto de esquetes ao vivo em que, garante, pularia de um tipo a outro em um minuto e 20 segundos.

Na gaveta também está a série "Inimiga Pública nº 1", versão de uma peça sobre uma senhora que, depois de saber dos planos do filho de despachá-la para um asilo, entra para a máfia e chega a assaltar a bilheteria do estádio do Morumbi. Para apresentar formalmente o projeto, no entanto, ele espera "a direção da Globo ficar mais simpática" à sua pessoa.

Enquanto isso, sobe todo domingo (até 16/8) ao palco do Bar Brahma-Aeroclube, em São Paulo, para desfiar, ao lado do filho André Lucas, um repertório de piadas batidas sobre sexo, política, gays e nordestinos.

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